Se vocês tiverem a curiosidade de olhar no Google Maps ou Earth, verão que se trata de um lago compridão que, para o padrão dos rios brasileiros (em especial do norte do país), seria mais um rio do que um lago. Ele desagua no mar do Norte por meio do rio... Ness. Que é uma espécie de continuação, estreita e rasa, do lago.
À beira do rio está Inverness, a cidade mais próxima do lago (e próxima do mar, tanto que seu nome quer dizer algo como "foz do rio Ness"). É considerada a "capital das terras altas" e ali se preserva com maior cuidado a tradição escocesa, cultivando a história e os costumes.
O monstro do lago, portanto, é o menor dos motivos para se visitar aquela região. Vou contar a cronologia do nosso passeio de sábado. Espero que seja interessante. Só para lembrar: ao clicar nas fotos, abre-se uma ampliação.
SEXTA
Há quem prefira a aventura de comprar entradas e tickets na hora. Mas desta vez preferi o conforto de comprar quase tudo na véspera, pela internet. Dá para escolher o horário do trem, o tipo de passeio, o trajeto, ver se tem lugar e pagar. No dia, é só chegar no horário e aproveitar.
SÁBADO
8h36min - DYCE/INVERNESS
Dyce Airport Train Station. Bem básica, né? |
É uma viagem de duas horas, com várias paradas. Todas rápidas, só para embarque e desembarque. No caminho, paisagens rurais. E uma ou outra destilaria de uísque.
O trem é confortável e a diferença entre a primeira e a segunda classe é apenas a cor do revestimento das poltronas. E o preço, claro.
Taí um animal que não deve ter problemas com o frio... |
A tomada elétrica no trem permite carregar celulares e usar laptop |
Paisagem vista da janela do trem, em algum lugar do interior da Escócia |
10h40 - EXPLORANDO INVERNESS
A estação do trem, como é comum na Europa, fica bem no centro da cidade. É sempre um bom ponto de partida para conhecer as redondezas a pé. No sábado, além do frio, tinha um ventinho que ajudava a derrubar a sensação térmica. Os termômetros marcavam uns 3 graus, mas a faca gelada que cortava as bochechas parecia estar abaixo de zero grau.
Rio Ness, que traz água do lago Ness para o mar do Norte |
Inverness, às margens do rio Ness |
À direita, o centro da cidade antiga |
Outra lojinha interessante é a que vende gaitas de fole e seus acessórios e componentes. Se a palheta da sua gaita precisa ser trocada, ali é o lugar. Se o saco puiu, ali tem o conserto.
Almoçamos num restaurante chamado "The Mustard Seed". Como não tinhamos feito reserva, acabamos num lugar meia boca, longe das janelas. Embora na Escócia se consiga encontrar bons lugares, onde se come muito bem, não foi este o caso. Não que o The Mustard Seed seja um restaurante ruim ou caro. O serviço é eficiente e atencioso. E os pratos pareciam ser feitos com algum capricho, mas não passaram pelo teste das nossas exigentes papilas gustativas. Pedimos um prato de peixe (afinal, estamos à beira mar) e, como resultado, na próxima ida a Inverness procuraremos outro restaurante.
O café foi tomado em outro lugar, uma espécie de confeitaria, muito simpática. E daí fomos para a "rodoviária" que fica ao lado estação do trem, para pegar o ônibus de excursão que nos levaria para passear no lago.
14h15min - LAGO NESS, AQUI VOU EU
Existem algumas empresas que fazem passeios pelo lago. Escolhemos a Jacobite por que é uma das mais tradicionais e opera o ano inteiro. E porque tinha passeios com várias durações e horários de saída. Preferimos um passeio relativamente curto (duas horas e meia) que incluia navegação pelo lago e visita ao castelo de Urqhart, um dos marcos da história da Escócia.
O guia/motorista, muito simpático, ia falando ao microfone durante o tempo todo em que dirigia. O sotaque escocês ajuda a complicar a compreensão do que eles falam, mas sempre que não tinha algum chinês falando alto por perto, dava para ir acompanhando as atrações que ele mostrava pelo caminho.
A excursão que pegamos não era centrada no monstro, mas na história escocesa. O que foi ótimo. Se não tivesse um "monstro" azul no pier onde embarcamos no barco que nos levou lago adentro, nem lembraria que estava no lendário habitat dessa figura puramente imaginária. Localidades às margens do lago cultivam essa lenda com evidente interesse comercial. Tem museu do monstro, centro do monstro, lojas repletas de souvenirs. Mas passamos ao largo de tudo isso. Talvez numa outra vez...
O barco que levou nosso grupo lago acima |
Tem locais parecidos com esse na ilha de Santa Catarina, não tem não? |
Procurê, procurê, mas não vi o tal monstro do lago Ness. |
O castelo de Urqhart, que foi deixado em ruínas por seus últimos ocupantes, para evitar que os inimigos tomassem posse, tem uma história triste, de derrotas e tragédias, mais ou menos como a história da Escócia. Dominação externa, lutas internas entre os senhores feudais (os clãs eram espécies de feudos e o tal de MacDonald, uma peste), opressão inglesa... não é fácil encontrar momentos de paz ou alegria. Mas é uma história cheia de bravura e coragem. Mesmo com vitórias escassas.
Um dos pontos altos da visita ao castelo é o documentário de dez minutos que se assiste dentro do centro de visitantes. Ao final, a tela sobe a as cortinas se abrem permitindo ver, na grande janela envidraçada, o castelo, ou o que sobrou dele. Claro, pouca gente tem saco para essas coisas históricas. Do nosso grupo, apenas Lúcia e eu assistimos a essa apresentação.
Restos de uma catapulta usada em um dos inúmeros sítios à fortaleza |
O lago Ness e as ruínas de Urqhart |
17h11min - INVERNESS/DYCE
O ônibus da Jacobite (o nome da empresa vem dos Jacobitas, católicos que tiveram grande participação na história local) deixou-nos no centro de Inverness pontualmente às 17h. Como a estação ferroviária fica no... centro da cidade, ainda conseguimos pegar o trem das 17h11min. O retorno teve um atraso num dos trechos e chegamos em Dyce um pouco além do previsto, às 19h40min. Lamentável. Ainda que o motorneiro, compungido, tenha pedido muitas desculpas pelo inconveniente.
No "trailer" abaixo, mais uma brincadeira, mostrando cenas do passeio. A "vítima", desta vez, é a Lúcia.
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